Fla derruba o Maccabi e fatura o maior título de sua história no basquete
Empurrado pela
inflamada torcida na Arena da Barra, time carioca conta com grandes
atuações de Laprovittola e Meyinsse para superar o atual campeão
europeu: 90 a 77
Por Marcello PiresRio de Janeiro
Meyinsse crava dois pontos na histórica vitória rubro-negra (Foto: André Durão)
Agora
não falta mais nada. Depois do Carioca, do NBB, da Liga das Américas e
da Liga Sul-Americana, o torcedor do Flamengo pode encher a boca para
falar que tem o título mais importante de clubes do planeta: a Copa
Intercontinental de Clubes. Numa atuação coletiva perfeita e com grandes
atuações individuais do argentino Nico Laprovittola e do americano
Jerome Meyinsse, o time comandado pelo técnico José Neto derrotou o
Maccabi Tel Aviv com sobras por 90 a 77 (46 a 36), neste domingo, na
quase lotada Arena da Barra, e agora pode dizer que é campeão de tudo. O
time carioca precisava de uma diferença de no mínimo quatro pontos após
a derrota por 69 a 66 na primeira partida, na última sexta-feira.
Assim
que o cronômetro zerou, a torcida do Flamengo invadiu a quadra para
festejar junto com os jogadores, num ambiente de euforia generalizada.
Com
24 pontos e seis rebotes, o argentino Nicolas Laprovittola, que
terminou a partida eliminado com cinco faltas, foi o grande nome da
conquista rubro-negra. Jerome Meyinsse, que anotou 22 pontos e cinco
rebotes, e Marquinhos, com nove pontos, quatro rebotes e duas
assistências, também se destacaram. Pelo lado israelense, Jeremy Pargo,
cestinha do jogo com 28 pontos, sete assistências e seis rebotes, Keith
Hayes, com 15, e Guy Pnini, que contribuiu com 10, foram os maiores
pontuadores
Com o campeão da Euroliga no bolso, a equipe
rubro-negra agora vai arrumar as malas para encarar os jogos contra
Phoenix Suns, Orlando Magic e Memphis Grizzlies pela pré-temporada da
NBA.
A tarde de domingo começou esquisita para o Flamengo.
Mesmo com a Arena da Barra quase lotada, os frios rivais nem deram bola
para a pressão e decidiram matar bolas. Foram três seguidas, uma delas
de três de Pnini, que deram uma vantagem de 7 a 0 para os visitantes em
pouco mais de dois minutos de jogo.
José Neto confiou no taco de
seus jogadores e segurou um pedido de tempo que poderia ser providencial
àquela altura. A decisão deu certo, e Marquinhos começou a reação numa
bola de três. A torcida foi junto com o time, e o Maccabi até então 100%
passou a errar. Melhor para os donos da casa, que com outra bola de
três de Marquinhos e uma cesta na marra de Jerome Meyinsse, assumiram a
liderança pela primeira vez.
Cestinha da partida, Jeremy Pargo tenta passar por Marcelinho (Foto: Divulgação / FIBA Americas)
A
virada inflamou a torcida rubro-negra, e a diferença rapidamente chegou
a sete pontos (16 a 9). Com 10 pontos no quarto, Laprovittola comandava
as ações, enquanto Marcelinho, novamente com a pontaria descalibrada,
deu lugar a Olivinha. Guy Goodes mudou todo o time de Maccabi, e, aos
poucos, os campeões europeus foram tirando a diferença para passar a
frente no minuto final. Mas com uma bola de três de Walter Herrmann, foi
o Flamengo que fechou o primeiro período na frente, com uma vantagem de
27 a 25.
José Neto mudou o time quase todo e voltou para o
segundo quarto com Benite, Olivinha e Caracter, além dos titulares
Laprovittola e Herrmann. Mas o cartão de visitas na volta para a quadra
foi de Hayes. Com uma bola de três, o armador americano recolocou o
Maccabi à frente. O jogo então passou a ser lá e cá, assim como a
liderança, que mudava de lado a todo instante.
Mas a pouco
mais de cinco minutos do fim do primeiro tempo ela resolveu se
estabelecer do lado rubro-negro. De volta, Marcelinho desencantou com
cinco pontos seguidos, três deles na sua primeira bola de três nessas
finais, e ampliou a diferença para sete pontos (39 a 32). O momento era
todo do capitão rubro-negro, que em outra bonita jogada individual
deixou Olivinha livre para marcar mais dois. O lance fez a Arena da
Barra delirar.
Incrédulos, os campeões da Euroliga sentiram a
pressão, passaram a errar um ataque atrás do outro e ficaram mais de
três minutos sem pontuar. A seca acabou a 1m38s do fim, num lance livre
solitário de Jeremy Pargo. Foi o suficiente para o treinador para José
Neto parar o jogo. Embora o pedido de tempo tenha sido feito pelo
Flamengo, a irritação no banco estava do outro lado. Aos berros e num
dialeto só dele, que misturava hebraico e inglês, Guy Goodes não perdoou
e "passou o sabão" em seus comandados.
Laprovittola tenta barrar a bandeja de Landesberg (Foto: André Durão)
Mas
a bronca de nada adiantou. O Flamengo sobrava em quadra e abriu 11
pontos, a pouco mais de um minuto para o intervalo. O prejuízo do
Maccabi só não aumentou porque o time rubro-negro desperdiçou dois
arremessos seguidos de três pontos nos dois ataques seguintes.
Com
três lances livres de Cohen, a diferença até caiu para oito, mas voltou
a subir com outros dois convertidos por Laprovittola, cestinha do
primeiro tempo com 12 pontos. Com 46 a 36 a seu favor, o campeão da Liga
das Américas foi para o vestiário com seis pontos de crédito para
gastar na etapa final.
Os dois primeiros pontos foram do
Flamengo na volta do intervalo, mas Jeremy Pargo voltou para os vinte
minutos finais inspiradíssimo. Com duas bolas de três seguidas, ele
tirou seis pontos de prejuízo. A diferença é que o Flamengo pouco errava
e também pontuava. Mas Pargo estava decidido a estragar a festa
rubro-negra e anotou sua terceira cesta de três. Pnini também deixou a
sua. A artilharia pesada de Maccabi não tinha fim, e Pargo fez mais uma,
a quarta, e saiu rindo, o que levou o árbitro a adverti-lo.
Se
Pargo desequilibrava de um lado, Jerome Meyinsse resolveu pagar a
dívida do primeiro jogo e sustentava o Flamengo no ataque, ora com uma
enterrada ora com lances livres. De ponto em ponto, o americano já
somava 16 a menos de três minutos do fim do período. Mas Pargo não
queria ficar para trás. Numa enterrada espetacular que calou a Arena da
Barra, o “baixinho” de 1,88m diminuiu a diferença para três pontos.
Benite deu o troco na sequência em outra linda jogada individual. Mas
para fechar o momento “showtime”, Pargo fez uma ponte aérea com
Alexander Tyus e deu outra cravada de tirar o fôlego.
Mesmo
com a performance espetacular do camisa 4 do Maccabi, que anotou 16
pontos no terceiro quarto, o Flamengo foi para o último período vencendo
por 64 a 61. Mas o começo do campeão da Américas nos 10 minutos finais
foi fulminante e a sete minutos para o fim do jogo a vantagem já era de
11 pontos. Guy Goodes imediatamente parou o jogo, mas parecia que seus
próprios comandados não acreditavam no que viam. As bolas do Flamengo
caiam de todos os lados e por todas as mãos. Ora com Laprovittola na
linha dos três, ora com Herrmann de dois, ora com uma bandeja e falta de
Benite.
O Maccabi ainda diminuiu a diferença para nove pontos
numa bola de três de Hayes a 1m37s para o fim do jogo, mas o prejuízo
ainda era muito grande. A ansiedade no rosto dos jogadores rubro-negros
era visível e compreensível, talvez por isso as bolas passaram a não
cair mais. Porém, não era preciso, com oito pontos de frente a 53
segundos do fim, só uma tragédia tiraria o maior o maior titulo de
clubes da Gávea. E como o domingo que começou esquisito não era de
milagres, a festa rubro-negra não tinha mais hora para acabar: 90 a 77.
Escalações
Flamengo: Marquinhos, Marcelinho, Meyinsse, Herrmann, Laprovittola; Entraram: Olivinha, Benite, Caracter, Gegê, Felício, Danielzinho
Técnico: José Neto
Maccabi: Pargo, Pnini, Randle, Landersberg, Maric; Entraram: Haynes, Smith, Tyus, Ohayon, Cohen, Linhart
Técnico: Guy Goodes