Com 240kg, jogador de handebol diz que "obesidade não limita atividades"

Henderson Botelho, de 27 anos, pratica esporte há 14 anos e defende time Radio Farol-RO na Taça Amazônica de Handebol masculino. "Quem me conhece, respeita"

Por Duaine RodriguesRio Branco, AC

Uma cena chamou a atenção dos espectadores que foram ao Ginásio do Sesi, em Rio Branco, capital do Acre, para acompanhar a primeira rodada da Taça Amazônica de Handebol masculino, que começou nesta terça-feira (23).

No jogo de abertura da competição, o time Radio Farol-RO levou para a quadra um atleta com porte físico bem destacado. Com 240kg, o jovem Henderson Botelho, de 27 anos, também chamado de Coxinha, até tentou ajudar, mas viu a equipe ser derrotada por 39 a 33 pelo Zezão-AM.

Henderson pratica o esporte há 14 anos, mesmo estando acima do peso . Ele conta que um problema no joelho o fez ficar por um tempo inativo, o que contribuiu para o aumento de peso.

- Eu tive um problema no joelho que me impediu de jogar por algum tempo. Na época pesava 150kg, mas acabei engordando mais. Hoje estou com 240kg - relata.

Henderson Botelho, o Coxinha, apesar do esforço, viu seu time sair de quadra derrotado na estreia da Taça Amazônia de Handebol (Foto: Duaine Rodrigues)

O camisa 87, que tem seu apelido escrito atrás da camisa, diz que o porte físico atrapalha em alguns momentos dentro da quadra, no entanto, nunca foi algo que o impediu de praticar esportes. Tanto, que já participou de campeonato nacional universitário.

- Atrapalha um pouco em relação aos outros atletas, mas nada que me impeça de participar. Sempre fui bem ativo, gosto de praticar esportes, já fui para Campeonato Brasileiro Universitário - comenta, ressaltando que o apelido o acompanha desde a infância.

Questionado se não é motivo de piada para os adversários dentro da quadra por causa da sua forma física, Henderson afirma que há o respeito, mas ainda existe preconceito. E ele garante que não fica limitado às atividades por causa do peso.

Henderson Botelho, 27 anos, Taça Amazônica de Handebol Acre (Foto: Duaine Rodrigues)

 

- Quem me conhece, respeita, pois sabe que jogo há bastante tempo. Às vezes, tem alguma pessoa que não me conhece e fica aquele preconceito: "olha aquele gordo, o que ele está fazendo ali?" Mas algumas pessoas, quando me veem praticando, jogando, começam a me respeitar pelo que faço dentro de quadra. Não deixo minha obesidade limitar minhas atividade físicas. Sempre procuro me movimentar - diz.

Derrotado na estreia, o pivô do Radio Farol-RO espera que o time possa se recuperar na competição e ainda brigue por um lugar no pódio.  O campeão da Taça Amazônica de Handebol vai disputar a Copa do Brasil da modalidade em 2015.

- Faltou a gente corrigir a nossa defesa. Tomamos alguns gols infantis, mas no próximo jogo vamos corrigir e tentar a vitória. Se a nossa equipe se empenhar ao máximo, pelo menos o pódio acho que conseguimos. Acho que dá para brigar com as outras equipes de igual para igual - analisa.

Ele aproveita para deixar um recado às pessoas que não praticam esportes e estão acima do peso.
- Tem que se movimentar, não pode é ficar parado - conclui o jogador, que volta à quadra nesta quarta-feira (24), às 17h (do Acre), com o Radio Farol-RO para encarar a equipe do Handmania-RO, no clássico rondoniense da segunda rodada