Esquema, falso 9, frustrações, garotos e Ganso: há legado da Copa América?
Competição confirma carência de centroavante e abre espaço para novo esquema. Dunga não consegue observar olímpicos, e Ganso não sai do banco de reservas
Dunga deixa o gramado após eliminação na Copa América (Foto: Lucas Figueiredo / MoWA Press)
Desde 1987 o Brasil não era eliminado na fase de grupos da
Copa América. O torneio nos Estados Unidos foi mais um na sequência de
decepções que a Seleção acumula após a Copa do Mundo de 2014. Entre os
jogadores e o técnico Dunga, o discurso foi unificado: é preciso ter
continuidade para evoluir. Assim, de que serviu a Copa América Centenário para
o futuro da equipe brasileira?
A Copa América não era prioridade para a alta cúpula da CBF –
a Olimpíada no Rio de Janeiro é o grande objetivo. Mesmo pressionado por bons
resultados, Dunga utilizou o torneio para ambientar alguns jogadores olímpicos,
mas as coisas não correram como esperado. Para as eliminatórias, alguns testes
foram feitos. É preciso saber se o treinador permanecerá no cargo para colher
os frutos das observações.
Abaixo, o
GloboEsporte.com separou em tópicos as conclusões que puderam ser
tomadas e aquelas abortadas pela eliminação precoce. Confira:
Renato Augusto deixa Copa América com mais força dentro da seleção brasileira (Foto: AFP)
Quem se salvou?
Gabriel é dos poucos que saem em alta após a Copa
América. Foi a primeira competição dele pela Seleção principal, e o desempenho
agradou a Dunga. O jovem é favorito a estar na Olimpíada.
Outro que esteve bem foi Renato Augusto. O meio-campista é
cada vez mais homem de confiança de Dunga. Mostrou versatilidade ao atuar como
volante e foi dos mais regulares da Seleção ao longo da competição – mesmo contra
o Peru, mostrou personalidade e tentou organizar as jogadas. Deixou o torneio
com dois gols, ambos sobre o Haiti.
Artilheiro da Seleção na Copa América, Philippe Coutinho
também soube aproveitar o torneio. O meio-campista teve sequência de boas
partidas, fez três gols sobre o Haiti e ganhou confiança para confirmar seu
potencial na equipe.
Quem decepcionou?
Tido como o jogador mais capaz de desequilibrar uma partida,
Willian falhou justamente neste quesito. O meia do Chelsea pareceu abaixo
fisicamente ao longo da Copa América e foi burocrático, preso à ponta direita.
Esperava-se do camisa 19 um protagonismo que não se
confirmou. No momento de aperto, contra o Peru, o meio-campista não chamou a
responsabilidade e se perdeu em meio ao drama brasileiro.
Willian não assumiu o protagonismo que se esperava dele na Seleção (Foto: AFP)
Alisson
foi pouquíssimo exigido durante a Copa América. Mas, numa das poucas
bolas em que precisou intervir, falhou feio. Contra o Equador, colocou
para dentro cruzamento despretensioso de Bolãnos. Teve sorte de o
árbitro anular a jogada.
O goleiro ainda tem a confiança de Dunga, mas, em sua primeira competição oficial de tiro curto, não passou total segurança.
Do
mesmo problema sofreu Elias. O volante foi titular indiscutível de
Dunga, não teve substituto no elenco, mas não justificou tanta
importância. Errou demais ao longo dos jogos e deixou a dúvida se deve
realmente ser considerado uma peça tão importante na Seleção.
Esquema novo
Na derrota para o Peru, Dunga enfim começou jogando com uma
formação que vinha ensaiando há algum tempo: um meio-campo sem volantes. Com a
suspensão de Casemiro, o treinador recuou Elias e Renato Augusto e colocou
Lucas Lima para armar.
O curioso é que, defensivamente, o Brasil esteve bem. O
problema foi no ataque. A Seleção tem grande dificuldade de definir as jogadas,
e Lucas Lima não conseguiu solucionar isso.
A formação é parecida com aquela utilizada pela Seleção para
buscar o empate em 2 a 2 com o Paraguai, nas eliminatórias, em março.
Sem artilheiro
Jonas começou a Copa América como titular. Perdeu a vaga
para Gabriel no intervalo contra o Haiti e, diante do Peru, foi preterido por
Hulk quando Dunga fez a única substituição no jogo. O atacante do Benfica não
convenceu o treinador, mas não foi o único.
Jonas
começou como titular e virou terceira opção contra o Peru: artilheiro
na Europa, não conseguiu balançar as redes durante a Copa América (Foto:
Lucas Figueiredo / MoWA Press)
Gabriel sai fortalecido da Copa América, mas também
apresentou dificuldades jogando como centroavante. Fez um gol, perdeu outros e
não achou o melhor posicionamento atuando como referência. Hulk foi outra
alternativa, tentada nos minutos finais contra o Peru, e ficou claro que esta
não é a melhor função para o jogador do Zenit.
Com Jonas em baixa, o Brasil volta a ficar sem um candidato
à camisa 9. Dunga ainda pensa em Neymar na posição, mas também será o caso de
adaptar um jogador à função.
Ganso em treino da Seleção: meia não entrou em campo (Foto: Lucas Figueiredo/MoWA Press)
Cadê Ganso?
Paulo Henrique Ganso voltou à Seleção após quatro anos, mas
não entrou em campo. Chegou para o lugar do cortado Kaká – que já havia sido o
substituto do também desconvocado Douglas Costa -, treinou, mas não teve
oportunidade.
Assim, Dunga não pôde observar o jogador, considerado acima
da média tecnicamente. O são-paulino poderia ser opção para a falta de
criatividade do meio-campo brasileiro, que sofreu para criar jogadas com qualidade
ao longo da Copa América.
E os olímpicos?
A observação de nomes como Rodrigo Caio, Fabinho e Douglas
Santos restringiu-se ao amistoso contra o Panamá e aos treinos. O trio também
não entrou em campo ao longo da Copa América. O goleiro Ederson, cortado por
lesão, é outro que pouco foi visto por Dunga – neste caso, algo que pode ter
impacto imediato na Olimpíada.
Dos “olímpicos”, Walace teve chance. Jogou cerca de 20
minutos contra o Haiti. Era o substituto natural do suspenso Casemiro diante do
Peru, mas Dunga optou por escalar Lucas Lima.
Marquinhos e Gabriel foram observados. O zagueiro foi
titular nos dois primeiros jogos e teve desempenho consistente. O atacante é um
dos xodós de Dunga, fez um gol e ganhou força para a Olimpíada
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