‘Chorei por mim e por meus amigos. Tem várias maneiras de ser assaltada’, diz funcionária
INFOGRÁFICO: Como funcionava o esquema que desviou R$ 100 milhões
— Eu chorei por mim e pelos meus amigos. Eu estou indignada. Tem várias maneiras de ser assaltada. Para mim, esse cara (Bernardo) é tão bandido quanto o cara que me aponta a arma e leva minha bolsa — desabafou Ana, que trabalha na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), em São Paulo.O servidor Rogério Expedito, do Ministério Público de Minas Gerais, também paga a taxa de propina embutida nas parcelas do empréstimo consignado, ao qual recorre desde 2000. — A revolta é muito grande, porque a gente só pega empréstimo quando está com dificuldade. Além da taxa do banco, tem a taxa de roubo, fraude e esquema ilícito. A gente foi enganado. Na verdade, era um esquema para passar dinheiro para o ministro e para o PT — disse ele.
Segundo Expedito, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) já decidiu entrar com ações contra o governo federal por danos morais. Eles querem ter de volta o dinheiro desviado das parcelas do consignado.
— Individualmente, não é muito dinheiro. Mas existem hoje 1,38 milhão de servidores. Provavelmente, todos pegaram empréstimo — disse ele.
Em um grupo de Whatsapp integrado por servidores que têm empréstimo descontado em folha, a revolta é geral. “Esperamos que as entidades entrem com ação para a devolução desse dinheiro, nem que seja para doar depois. Foram usurpados pelo governo do PT”, disse um participante do grupo.
PAULO FERREIRA SE APRESENTA
Os dois principais alvos da Operação Custo Brasil, Paulo Bernardo e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, negaram na sexta-feira a participação no esquema de propina. Ferreira, que não foi preso na operação de quinta-feira, se apresentou à Justiça na sexta.
O ministro Celso de Mello, do STF, pediu informações ao juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, sobre a autorização dada por ele para a PF fazer busca e apreensão no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher de Paulo Bernardo. Para o Senado, era necessária uma autorização do STF para a busca. Celso de Mello quer saber se a medida se restringiu aos bens de Bernardo, ou também se estendeu aos de Gleisi.
Em nota, a Associação dos Juízes Federais (Ajufe) manifestou “incondicional apoio” ao juiz. Em outra nota, deputados do PT criticaram a “invasão desmedida, desnecessária e absolutamente injustificável” da PF à sede do partido. O alvo era a sala da tesouraria, que era ocupada pelo ex-tesoureiro João Vaccari, preso desde abril.
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