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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

FUTSAL FOI O RESPONSÁVEL PELO OURO DO FUTEBOL.

O ouro olímpico que o Brasil conquistou mostra, claramente, que há talento para montar seleções competitivas no presente e no futuro. A vitória sobre uma Alemanha desfalcada, mas competente, dá um tempo para essa geração jovem respirar fora do ar pesado das críticas. Mas, ao analisarmos a formação de cada um dos jogadores titulares do time campeão, é possível perceber um fato: cinco deles não tiveram base desde cedo, e ainda assim conseguiram superar diversos obstáculos para estar entre os 18.

Luan Brasil x ColombiaWeverton, por exemplo, deixou o Juventus-AC aos 18 anos após uma Copa São Paulo para, aí sim, chegar a uma base de clube grande, o Corinthians. Douglas Santos, lateral-esquerdo, fez seis meses de base antes de subir aos profissionais do Náutico, aos 17 anos. Walace foi descoberto apenas aos 16 anos pelo Avaí. Gabriel Jesus tinha a mesma idade quando chegou ao Palmeiras, vindo da várzea. Completa a lista Luan, que chegou ao Grêmio em 2013 e teve a formação quase toda no futsal. 

Eles superaram nomes tratados como joias desde cedo, como Adryan, Lucas Piazon, Leandro (Coritiba), Wellington (Fluminense) e Ademilson, além de muitos outros.

O que esse fato revela sobre a formação do jogador brasileiro? O blog conversou com diversas pessoas ligadas à base nos últimos dias, e, com base nessas conversas, lança alguns argumentos para o debate.

- A rua é, ainda, um excelente formador de jogadores. Quem se cria na rua desenvolve fundamentos de uma maneira muito mais livre, lúdica do que nos clubes. 

- Talvez haja, depois de muitos anos de uma formação feita só na rua, sem metodologia, um excesso de métodos e imposições aos jogadores desde muito cedo. Esse excesso poda, muitas vezes, a capacidade de autonomia desses jogadores, de ler o jogo, e tomar a decisão que surpreenda o adversário, não de maneira automática.

- A união entre o empirismo da formação das ruas e os métodos de formação dos clubes pode gerar um resultado interessante. Cruzeiro e Internacional, por exemplo, já buscam incluir em suas atividades com garotos o futebol de rua. É preciso encontrar esse meio termo. Há quem diga que os clubes já estão nesse caminho e há quem diga que estão muito longe.

- A profissionalização da base brasileira, consequência direta da Lei Pelé, encheu os bolsos dos jogadores mais talentosos aos 15, 16 anos. Jogadores que não tiveram base muito cedo não conviveram com o assédio desde cedo. Consequentemente, não ganharam dinheiro desde cedo, foram menos procurados por empresários e puderam desenvolver o potencial que tinham sem muita gente buzinando no ouvido e influenciando negativamente a caminhada.

- O stress mental dos jogadores, subestimado muitas vezes, é uma das principais causas de fracasso nos profissionais. Há diversos atletas que, aos 14 ou 15 anos, treinam cinco vezes por semana no campo, duas no salão, jogam no campo e no salão no fim de semana e não têm tempo nenhum para o lazer. Deixam de ser crianças muito cedo e podem sobrecarregar a musculatura. Fundamentalmente, perdem o prazer de jogar futebol e quando chegam aos 18 anos, já estão de saco cheio de tudo.

- Na outra ponta, jogadores que não são tratados como mini-craques se desenvolvem de maneira mais lúdica, autônoma e com menos pressão. Isso pode fazer diferença no futuro.

O blog não busca, de maneira nenhuma, encerrar o debate com verdades absolutas, e sim abri-lo para entender melhor como funciona a base brasileira.

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