Total de visualizações de página

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ESPORTE DE AVENTURA É COM O EXÉRCITO NA FRONTEIRA


Novo fuzil é reforço na fronteira

Mais leve e potente, novo armamento já é testado pelos militares; objetivo é facilitar operações e melhorar a vigilância
Militares do Exército Brasileiro testam nos Pelotões Especiais de Fronteira da Amazônia o novo fuzil fabricado pela Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil), que tem unidade em Piquete.
Batizado de IA2, o fuzil de calibre 5,56 mm irá equipar as Forças Armadas e as forças de segurança pública.
A intenção é substituir os fuzis FAL (Fuzil Automático Leve) de 7,62 mm, também fabricados pela Imbel, usados pelos militares há 30 anos. O VALE conheceu o novo armamento no Pelotão Especial de Fronteira de Normandia, em Roraima.
Melhor. Segundo o sargento Eriberto Teixeira da Silva, 38 anos, a arma pesa metade do FAL, tem maior capacidade de tiro e carrega mais munição, além de tornar mais difícil qualquer tipo de incidente.
“A arma tem várias características que auxiliam o combatente. A utilização dela é melhor para o ambiente hostil da selva na comparação com o FAL”, disse o militar.
Enquanto o FAL leva 20 munições no carregador, o IA2 é capaz de guardar 30 balas, menores que aquelas usadas no fuzil mais antigo. A nova munição tem sido utilizada pelas principais Forças Armadas.
Custos. A fabricação do novo fuzil será feita na unidade da Imbel em Itajubá (MG), com capacidade para produzir 20 mil armas por ano.
Os custos de fabricação, manutenção e treinamento são reduzidos em razão de a maioria das peças ser similar às do fuzil FAL.
“A arma é bem adequada para operações de tropas especiais”, afirmou o sargento Fagner Henrique de Morais, 22 anos, do PEF de Normandia.
Desenvolvimento. Segundo Haroldo Leite Ribeiro, diretor de Mercado da Imbel, e Paulo Roberto Costa, chefe da Fábrica de Itajubá, o IA2 é um aprimoramento do fuzil MD97 por causa das novas necessidades operacionais das forças de defesa e de segurança.
A nova arma foi apresentada oficialmente na LAAD (Feira Latino-Americana de Defesa e Segurança), no Rio de Janeiro, em abril deste ano.
Antes de ser entregue para testes pelo Exército Brasileiro, disseram os executivos da Imbel, o fuzil foi testado na fábrica de Itajubá.
“Os protótipos dos fuzis foram entregues ao Exército em junho e já concluíram a avaliação técnica, estando em fase final da avaliação operacional, a qual acontece nos diversos ambientes operacionais do país, inclusive na selva”, afirmou Costa.
O armamento precisa de autorização do Exército para ser fabricado e comercializado. “Tão logo haja a certificação do fuzil, a Imbel iniciará a sua produção”, disse Ribeiro.
Segundo os executivos, o fuzil IA2 foi concebido para utilização em locais onde exige-se precisão nos tiros em curta e média distâncias, como na selva e nas zonas urbanas, facilidade na portabilidade e menor peso. “Essas são as características mais importantes do armamento”, completou Costa.
O sargento Fagner Henrique de Morais (esq.) segura o velho FAL, enquanto o sargento Eriberto Teixeira da Silva empunha o novíssimo IA2, ainda em fase de testes na selva
Detalhe da munição 7.62 mm do FAL (esq.) e a 5.56 mm do IA2
Enquanto isso, na selva… Os militares ainda usam o velho FAL!!
Equipamentos na selva: veja o que os militares usam quando precisam fazer missões na selva
Tenente Hélio Viana Santos Sobrinho, instrutor do Cigs, mostra itens usados pelos combatentes
Temos um lema: a selva é um shopping center, e o nosso facão é o cartão de crédito. Obtemos muitas coisas da selva. Nas operações militares, a dificuldade logística é muito grande e a comida pode atrasar ou muitas vezes deixar de vir. Há necessidade de quem está operando na selva de saber obter alimentos da própria região. Há muita variedade. No período de chuva a diversidade é muito grande. É quase impossível conhecer as 300 mil espécies catalogadas no mundo todo. Há algumas características que identificam se o fruto é comestível ou não. Entre elas, o CAL (cabeludo, amargo ou leitoso) eu evito consumi-lo. Cabeluda tipo kiwi, leitosa como mamão. Mas toda regra tem exceção. O mamão é leitoso, mas conheço a fruta e eu posso comê-la. Mas se estou numa operação e necessito obter meios para a minha sobrevivência, se identificar CAL, evito de consumi-lo. Se ficar na dúvida, fervo duas e três vezes que irá acabar eliminando tóxicos. Se não tiver fogo ou água, corto pedaços da fruta e coloco na boca para sentir o paladar. Se, com o tempo, em 10 a 15 minutos, irritar a boca, evito o consumo. Se o animal come, a chance de o ser humano poder comer é grande. Muitas vezes andamos na selva e encontramos frutos com mordidas de animais. Se houver mordedura de mamífero, esse fruto poderá ser consumido, mas lembrando que os animais têm enzimas no estômago que os humanos não têm.
Liquidificador de selva: graveto tirado de tronco de árvore que é moldurado pelo facão. Coloco dentro da vasilha e giro para que vá batendo. Os galhos servem de pás do liquidificador. Coloco no caneco para misturar a ração, líquidos, etc.
Guerreiro de selva é treinado para levar menos equipamento possível e usar o máximo da selva. As operações na selva são caracterizadas pela descentralização das ações. O combate em terreno convencional há grandes companhias e batalhões centralizados. Na selva, usamos pequenas equipes. Andar na selva faz barulho e, por isso, colocamos poucas equipes para manter o sigilo. O princípio de guerra é ver sem ser visto. Teremos várias frentes para suprir a tropa. Quando há problema no suprimento, temos que saber sobreviver na selva. Tudo é ensinado na fase do curso.
O guerreiro de selva precisa ter iniciativa, porque o comando pode perder o contato com a equipe que foi escalada. Atributos da área afetiva é a iniciativa, coragem, perseverança, persistência. Imagine andar vários dias na selva, com calor e umidade, e uma mochila de até 30 quilos. Um fuzileiro leva 200 cartuchos de 762, com o fuzil, que pesa quatro quilos, mesmo peso da rede de selva. Levamos dois cantis no cinto, mas posso levar água na mochila. Cada um compõe o seu equipamento.
Levamos materiais de sobrevivência, primeiros socorros, manutenção do armamento, higiene, munição. Com o passar do tempo, molhado e cansaço vai pesando mais. O curso é tentar transformar no mais real possível. Fazemos o estresse psicológico, que é maior do que o físico. A selva já é estressante com as longas distâncias, cansaço, ambiente fechado, pouca visibilidade, sono e fome. Colocamos o aluno para dormir só na selva para despertar a coragem e inibir o medo. Temos que aprender a conter o medo dentro da gente. É comum o ser humano começar a imaginar coisas quando está com medo.
Houve uma operação de combate a garimpo ilegal que a aeronave não pode nos suprir e tivemos que pernoitar dois dias na selva até ser resgatados. Lançamos a equipe de pesca e conseguimos alimento para até duas semanas.
Pior coisa do curso é a restrição do sono. Dormimos em rede e não há conforto nenhum. Tinha que dormir molhado e o desconforto incomodava muito. Muitas operações o pé enrugava com a umidade e começava a dar bolhas. Parava, tinha que secar o pé e a meia. Combatente com pé ferido não consegue andar. Dormimos em rede elevadas para fugir dos predadores. O fuzil fica do nosso lado e dormimos no solo também, em situações de combate, para que a defesa possa ser rápida. A noite, a selva não é nada silenciosa. Tem que se acostumar com os barulhos dos insetos, macacos. Já vi rastro, pegada e garras da onça nas árvores. Aprendemos a identificar os sons e rastrear animais, identificando pegadas e trilhas de animais e possíveis sons.

Nenhum comentário:

Postar um comentário