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domingo, 18 de agosto de 2013

CICLISMO NO ANIVERSÁRIO DE TERESINA

Teresina 161 anos: ciclismo cresce, mas a cidade não oferece estrutura

No aniversário da cidade, os praticantes do ciclismo demonstram que eles precisam de presentes: mais ciclovias e ciclofaixas espalhadas na capital

Teresina completa, nessa sexta-feira (16), 161 anos vivenciando uma febre no esporte. Ou melhor: uma prática iniciada na década de 1980 vem ganhando fôlego nos últimos anos. Trata-se do ciclismo. Mas será que a capital piauiense está preparada para a febre do esporte que tomou conta de suas ruas? Para responder essa pergunta, o GLOBOESPORTE.COM/PI entrevistou esportistas, gestores e especialistas em trânsito e chegou a um denominador comum frustrante: a cidade não dispõe de estrutura suficiente nem para os atletas nem para aqueles que usam a ‘magrela’ como meio de transporte.
Ciclismo - Especial Teresina 161 anos (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)Ivo representa os atletas que comemoram a contrução de ciclofaixas voltadas para os praticantes do ciclismo. Esta é a única feita até então e fica na zona Leste    (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)
A questão sobre infraestrutura para a prática do ciclismo em locais apropriados foi colocada em voga com mais atenção após o falecimento de Oswaldo de Marques Sousa. O atleta foi atropelado durante um passeio ciclístico na rodovia PI-113, que liga Teresina a José Freitas. Sobre a utilização desse tipo de local, cada vez mais procurado pelos atletas que buscam aperfeiçoar a técnica no ciclismo de estrada, modalidade que exige longas distâncias, o perito em trânsito, Major Luciano, comandante da CPTRAN, aponta irregularidades.
- O ciclismo é um esporte muito perigoso em BRs, e a sinalização poderia ser maior, mas os acidentes acontecem por desrespeito, seja do ciclista seja do motorista. Todos sabem o que é certo e errado, mas mesmo assim são necessárias campanhas de conscientização voltadas para o respeito às regras de trânsito como proteção à vida, porque as pessoas geralmente as entendem como via de punição, o que não é o intuito – aponta o perito.
O sociólogo Graziane Gerbário Fonseca, que é especialista em mobilidade urbana e também ciclista, discorda. De acordo com ele, as BRs próximas a Teresina oferecem as condições necessárias ao atleta para sua evolução nos treinos, mas é preciso ter alguns cuidados.
- As BRs são os locais mais adequados para treinos, pois têm subidas e decidas, mas tem que saber qual o dia e o horário certo para utilizar. Aquela fatalidade que aconteceu era perfeitamente previsível – explica Graziene, se referindo ao caso do Oswaldo.
A magrela ainda é necessária
Ciclismo - Especial Teresina 161 anos (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)Na avenida Henry Wall de Carvalho, zona Sul de Teresina, a ciclovia recebe uma oficina para biclicetas
  e ainda divide espaço com motociclistas (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)
Não é porque Teresina revela um desenvolvimento socioeconômico que deixou de contar com a necessidade de ter vias para o transporte do trabalhador através de ciclovias. Com poucas na cidade, quem utiliza a bicicleta como companheira diária para ir de casa para escola ou trabalho, por exemplo, ainda enfrenta dificuldades.
O sociólogo explica que Teresina já foi a capital das ‘bikes’. Há quase quatro décadas, se via em todo canto da cidade gente andando para lá e para cá com suas bicicletas. Ele revela, inclusive, que essa febre atual nem chega perto de colocar nas ruas a quantidade de ciclistas de antigamente.
- O pedal noturno existe desde a década de 1980. O que há na verdade é um encolhimento do público que o frequenta, porque antigamente envolvia todo mundo que usava todo tipo de bicicleta. Era um fenômeno em Teresina, que surgiu como uma onda junto com a febre das academias. E retorna agora, só que com outro público – conta Graziane Gerbário.
É na mudança desse público que o sociólogo concentra suas críticas. Para ele, a febre do ciclismo envolve uma categoria social privilegiada, que pratica o ciclismo porque está na moda. De acordo com Graziane, não se trata de um fenômeno de massa.
Ciclismo - Especial Teresina 161 anos (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)Mesmo com crescimento da cidade, muitos trabalhadores ainda utilizam  bicicleta como meio de transporte e sente falta de ciclovias integradas em Teresina(Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)
- Você vê estacionamentos para bicicleta em algum lugar? Pois tempos atrás tinha em vários pontos da cidade, porque a bicicleta era o meio de transporte mais usado pelo trabalhador. Próximo ao centro administrativo, na Avenida Maranhão, existiu a primeira ciclofaixa da cidade. O espaço agora é para lavadores de carro. Para mim, isso de pintar ciclofaixa no lugar dos ricos é marketing político e é passageiro – diz o sociólogo.
O perito em trânsito, Major Luciano, também defende que não seriam as zonas ‘privilegiadas’ os locais ideias para os investimentos do poder público.
- Teresina é uma cidade desprovida de ciclovias regulares para quem precisa se transportar através delas.  A população que reivindica por isso tem razão, pois a cidade não possui ciclofaixas e ciclovias, principalmente. É por conta disso que os atropelamentos acontecem, em sua maioria, nos bairros – explica.
Ciclismo - Especial Teresina 161 anos (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)Antônio Franscico utliza diariamente a ciclovia
da Avenina Jerumenha, na zona Norte de Teresina
(Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)
A prefeitura, contudo, revela que existe um projeto de mobilidade urbana, que privilegia a construção de novos espaços para o ciclista.
- Apesar de fazermos o passeio ciclístico há mais de 20 anos, esse costume se perdeu. As ciclovias não se integram e, além disso, utilizam o espaço para estacionar, colocar postes, anúncios e isso faz eles (os ciclistas) se afastarem também. Por conta disso, queremos concluir 51 Km de ciclovias integradas e circuitos através de ciclofaixas. Mas, antes de tudo, temos que mudar principalmente a cultura. A cidade é para as pessoas e não para os carros - fala Galba Coelho, secretário de esportes e lazer da capital.
Febre estimula o desenvolvimento do ciclismo
Apesar da falta de espaços adequados e suficientes para a prática do ciclismo, o Piauí vem mostrando evolução na modalidade em âmbito nacional. Segundo o presidente da Federação Piauiense de Ciclismo (FPCICLO), George Rodrigues, o Estado saiu da 27ª colocação para a nona do último ano para cá no ranking da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC).
- O Piauí é o estado que mais cresceu no esporte nos últimos anos principalmente com o desenvolvimento dos grupos que estão estimulando bastante. Por conta desse resultado, a gente conquistou um velódromo, que já está encaminhado e só depende da prefeitura. Se perdemos, inclusive, vai ser uma falta de competência muito grande.  O ciclismo vem crescendo em âmbito mundial. Teresina tem um potencial para crescer também – fala George.
Sobre a ausência de espaços o dirigente, que também é atleta, não poupa críticas.
- Teresina é agradável para pedalar, mas tem poucas ciclovias e ciclofaixas. Era para pegar a Avenida Cajuína, a Avenida Marechal (Castelo Branco) e colocar no circuito. No planejamento que eles (a prefeitura) nos passaram eram 15 Km, mas só fizeram dois até agora – completa George Rodrigues.
Nem mocinhos nem vilões
A crítica do presidente da Federação de Ciclismo se estende além do poder público. Para George, os novos grupos de praticantes surgem sem se preocupar com itens básicos para a prática do esporte. Nesses casos, não é posível se definir os culpados pelos acidentes.
- Atualmente a média de praticantes do pedal noturno é de 300 pessoas, entre crianças, mulheres, idosos e homens, mas há grupos que pedalam sem orientação, sem proteção e sem equipamentos. Infelizmente, nesses casos, a única intervenção que podemos fazer é a de orientar - desabafa.
Ciclismo - Especial Teresina 161 anos (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)Atualmente os atletas dispõem de ciclofaixas na zona Leste  (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)
Essa desatenção dos ciclistas faz deles também responsáveis pelos acidentes. Segundo o presidente da federação, o caso da morte do Oswaldo é o retrato dessa situação. O que pode ser evitado acaba se tornando motivo para interpretações equivocadas sobre a segurança do esporte.
- Não acho o ciclismo um esporte de alto risco. Quem faz o risco, além das condições, é o ciclista. A via não foi feita somente para o carro, a via é pública. Nós estamos trabalhando para conseguir mais locais para treino sinalizados – conta o gestor.
George revelou que é integrante do grupo que pedalava ao lado de Oswaldo. Por conta do trauma, ele abandonou os treinos em estrada. Outros integrantes seguiram seu caminho e também abandonaram de vez o esporte. Mas o gestor reconhece que a fatalidade foi culpa do ciclista.
As irresponsabilidades demonstradas tanto pelo ciclista quanto pelo motorista, motociclista e pedestre colocam em xeque se a real necessidade de Teresina é de infraestrutura adequadas a todos como solução. Sobre essa utilização desses novos espaços, a prefeitura esclarece.
Ciclismo - Especial Teresina 161 anos (Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)Os atletas se queixam da falta de novos espaços
(Foto: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COM)
- Trabalhamos com a perspectiva de que vai dar certo e vamos em frente com os projetos e deixar que a população vai saber usar porque não vamos ficar ‘sendo o pai da criança’ – explica Galba Coelho, referindo-se às campanhas de conscientização no trânsito.
O perito, no entanto, argumenta de outra forma a situação do desrespeito no trânsito de Teresina, utilizando como base um estudo nacional que revela o comportamento do brasileiro.
- As pessoas mais pobres respeitam mais as regras do que os mais favorecidos. É uma característica da população brasileira e não só aqui. O que acontece é que, quanto mais conhecimento você tem, mais brechas encontra para burlar as regras- conclui Major Luciano.
Já para George Augusto, essa situação é em parte condicionada pela falta de apoio que o esporte enfrenta.
- Não temos apoio de nada. A gente não sabe para que serve a Fundespi. A maior incoerência é que no Piauí nós temos a maior empresa de bicicleta da América Latina, que não apoia o ciclismo, mas apoia o badminton, a esgrima. E mesmo sem esse apoio, gente continua praticante e com cada vez mais adeptos porque o esporte é maravilhoso. A bicicleta faz um bem à sua saúde física e mental, te livra do stress - finaliza o presidente da federação.


Pedala Teresina: 



Evento espera reunir 



seis mil ciclistas na 


capital piauiense


Passeio ciclístico estimula atitudes saudáveis para melhoria da qualidade de vida. Largada simultânea acontece neste domingo (18), a partir das 8 horas

Neste domingo (18) é dia de pedalar. Nos 161 anos da capital piauiense, os amantes do ciclismo têm um compromisso marcado: o Pedala Teresina, evento que tem o objetivo de estimular atitudes saudáveis para melhoria da qualidade de vida. De acordo com a organização do passeio ciclístico, são esperadas seis mil inscrições, além de sete mil expectadores durante o percurso.  
O público alvo é formado por ciclistas profissionais e amadores, adultos, jovens e crianças com idade acima de 11 anos. O evento terá largada simultânea, a partir das 8 horas, em quatro bairros da cidade: Dirceu Arcoverde (zona Sudeste), Mocambinho (zona Norte), Centro e Bela Vista (zona Sul). A chegada será na Ponte Estaiada.
As inscrições dos ciclistas seguem até a véspera do evento, neste sábado (17). Os postos de inscrições são: Semel (ao lado do Estádio Lindolfo Monteiro); Ginásio Rui Lima (Conjunto Bela Vista); Ginásio Pato Preto (Mocambinho) e Ginásio Edmilson Jorge (Dirceu Arcoverde).
PEDALA TERESINA 2013 (Foto: Renan Morais)Durante percurso, sete mil expectadores são aguardados nas ruas da capital (Foto: Renan Morais)
Alongamento e show de humor são os atrativos do passeio ciclístico. Antes da largada, os participantes farão aquecimento, acompanhados pelos educadores físicos, além de receberem as instruções sobre o percurso, que contará com um carro de som e apoio. No local, os ciclistas também irão concorrer a prêmios. Na música, o DJ Leoz fará animação, com shows de bike trial.
- A ideia é que inauguremos o circuito Raul-Marechal, ciclofaixas para que possam praticar a modalidade esportiva com segurança. Vamos ter essa opção de 9,5 km para as pessoas que queiram participar do ciclismo tenham segurança em um local agradável às margens do  Rio Poti – explicou Galba Coelho, secretário de esportes municipal.
O Pedala Teresina tem a participação da Federação de Ciclismo do Estado do Piauí, clubes e associações de bairros. O evento tem apoio da TV Clube, em parceira com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer.

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