CAMPEÃ OLÍMPICA PRESTIGIA PROJETO EM INTERIOR DO MARANHÃO

Projeto idealizado por promotor de justiça alia esporte e melhoria de desempenho escolar

A campeã de judô na Olímpiadas de Londres, em 2012, Sarah Menezes e seu técnico, Expedito Falcão, acompanhados da judoca Jéssica Kathais, conheceram in loco, em 6 de janeiro, as atividades do Projeto Judô e Cidadania, desenvolvido há sete anos e meio pelo promotor Francisco Fernando de Morais Meneses Filho, na comarca de Pastos Bons (a 537 km de São Luís).
O objetivo dos três judocas foi incentivar os atletas locais, fazendo-os perceber que a dedicação a qualquer causa (dentro ou fora do tatame) pode levá-los à concretização de suas maiores expectativas.
O foco do Projeto Judô e Cidadania, que atualmente reúne cinquenta crianças e adolescentes da comarca, é melhorar o rendimento escolar e a convivência familiar e social dos participantes.
Nas aulas do projeto, os atletas, além de aprenderem o esporte, recebem noções de cidadania, ética e higiene pessoal. As aulas são ministradas gratuitamente pelo idealizador do projeto, o promotor de justiça Francisco Fernando de Morais Meneses Filho. Judoca desde os quatro anos de idade, Meneses Filho é membro da Confederação Brasileira de Judô e na Federação Piauiense de Judô, além de ser graduado no 3º DAN (nível) do esporte desde dezembro de 2008.
AVANÇO SIGNIFICATIVO
O começo do projeto foi modesto. Sem apoio financeiro da prefeitura ou de qualquer instância da administração pública, os primeiros 18 tatames para aulas do projeto foram custeados pelo próprio promotor.
“Durante cerca de quatro anos, ministrei aulas em locais diversos e sempre improvisados. Inicialmente, em uma das salas de um colégio estadual. Depois, em outro colégio um municipal. Em seguida, em uma praça pública, em frente à igreja do município”, relata Fernando Meneses.
A atividade escolar é um requisito essencial para a mudança de faixa no judô no projeto. Além do rendimento escolar, também são avaliados a convivência familiar e o desempenho nos tatames. No Projeto Judô e Cidadania, apenas os atletas com bom rendimento podem participar de competições, viagens, promoções de faixas e qualquer tipo de premiação, como quimonos para a prática do esporte.  O acompanhamento da evolução dos atletas é feita por meio do encaminhamento, por diretores de escolas do município, de declarações e boletins escolares de cada judoca á Promotoria de Justiça da comarca.
As exigências acarretaram avanço significativo no rendimento dos estudantes na escola e na família.
RECONHECIMENTO
O excelente desempenho dos atletas do projeto atesta o sucesso da iniciativa. Os judocas do Projeto Judô e Cidadania são presença constante, desde 2010, nas competições da Associação Judô Expedito Falcão (Ajef). Dos 18 atletas que participaram da última edição da competição, realizada em dezembro passado, que teve a participação de judocas do Maranhão, Piauí e Ceará, 16 judocas do projeto foram premiados.
A dinâmica do projeto e os resultados esportivos e educacionais dos judocas do projeto levaram autoridades municipais a investir na iniciativa. Os 18 tatames iniciais foram substituídos por 49 tatames de melhor qualidade.
O próximo passo foi o aluguel de um ponto fixo de treinamento, custeado pela Prefeitura de Pastos Bons. “Há cerca de dois anos, a prefeitura passou a alugar um prédio. Dos atletas, são cobrados somente R$ 5 para o custeio de despesas com água e com energia.”, relata. Anteriormente, por um ano e meio os treinamentos foram realizados na Fundação José Gonçalo.
APOIO
Atualmente, além do auxílio da prefeitura de Bons Pastos, o projeto conta com o apoio de empresários locais, que pagam mensalidades de musculação para alguns atletas, com foco na melhoria dos seus rendimentos nas competições.
As verbas destinadas pelas escolas envolvidas no projeto custeiam o pagamento dos monitores, supervisionados pelo promotor, em sua totalidade alunos graduados nas faixas verde e roxa do esporte. Dois deles já se preparam para o exame de faixa marrom, próxima graduação no esporte.
O projeto também tem o apoio da Federação Piauiense de Judô e de inúmeros professores de São Luís.

BENEFÍCIOS
De acordo com o promotor Francisco Fernando de Morais Meneses Filho, nos sete anos e meio de existência da iniciativa, pelas aulas do projeto já passaram duzentos alunos, alguns em cumprimento de medidas socioeducativas.
“Em geral, mesmo quando deixam de praticar o judô, os atletas levam consigo boa parte de seus ensinamentos e, de fato, melhoram de comportamento em casa e no colégio”, comemora. “Em alguns casos, atletas que foram inicialmente obrigados a praticar judô continuaram praticando mesmo após o fim do período compulsório, e hoje são aficionados pelo esporte.”
Segundo Meneses Filho, não foram poucos os relatos sobre atletas que, antes do judô, tinham sérios problemas de depressão, de rebeldia e de baixo rendimento escolar. “O judô trouxe-lhes paz de espírito e melhoras gigantescas em seus comportamentos”.
PERSPECTIVA
Atualmente, o promotor de justiça Francisco Fernando de Morais Meneses Filho discute com o juiz da comarca e representantes da Pastoral da Criança a possibilidade de aplicação de verbas decorrentes de multas e de Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO) em favor do judô local.