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segunda-feira, 13 de junho de 2016

IRLANDA DO NORTE IRONIZA: NÃO SOMOS O BRASIL!

"Não somos o Brasil": norte-irlandeses brincam na Euro, mas mantêm respeito

 Verso de tradicional canção da década de 1980 em bandeira chama atenção em jogo, mas torcedores dizem que admiração por seleção penta mundial continua grande

Por Paris, França
Cerca de cinco horas antes e a mais de três mil milhas de distância de onde a Seleção dava mais um vexame em sua história recente, eliminada pelo Peru na primeira fase da Copa América Centenário, uma bandeira da torcida da Irlanda do Norte chamou a atenção num estádio da Eurocopa. Em Lille, durante a estreia contra a Polônia com derrota por 1 a 0, estava pendurada na arquibancada a frase: "Não somos o Brasil, somos a Irlanda do Norte". Parecia provocação. Poderia ser interpretada como previsão. Mas era respeito misturado com o típico humor britânico.
Bandeira da torcida da Irlanda do Norte homenageia o Brasil (Foto: REUTERS/Eddie Keogh)Bandeira da torcida da Irlanda do Norte lembra o Brasil no estádio de Lille (Foto: REUTERS/Eddie Keogh)

A frase na verdade faz parte do refrão - complementado pelo verso "e é a mesma coisa para mim" - de uma música criada pelos torcedores norte-irlandeses na década de 1980, quando o futebol brasileiro, assim como atualmente, passava também por um período de seca - desde a Copa de 1970, a Seleção não ganhava títulos. Mas ainda encantava pela categoria da geração de Zico, Sócrates, Falcão, Cerezo, Júnior, entre outros. Juntou-se, então, a admiração à amarelinha e a comemoração por um feito do país britânico que parece pouco para quem tanto conquistou: a classificação para a segunda fase do Mundial de 1982, repetindo a campanha de 1958. Curiosamente, na terceira e última participação no torneio, em 1986, enfrentou os ídolos e perdeu por 3 a 0, episódio que também virou homenagem, no filme "Shooting for Socrátes".
- Vocês nos ganharam naquela Copa de 86. Tinham uma grande seleção - lembrou Gary, torcedor norte-irlandês cuja memória aos 50 anos não falha, num café em Paris, onde lanchava com os filhos e amigos pouco depois de assistir no telão da Fan Zone do Champs de Mars à derrota de sua seleção para a Polônia, em Lille.
Atualizada para a Eurocopa 2016 e regravada pelo ex-jogador e atualmente jornalista esportivo Jackie Fullerton e o apresentador de rádio George Jones, a canção "We are not Brazil, we are Northern Ireland" ganhou versos que fazem referência a outras campanhas da seleção e à equipe atual que garantiu a primeira participação do país no torneio continental (clique aqui e assista no YouTube com a letra). A música pode ser comprada em aplicativos e uma outra série de artigos com a frase também são vendidos pela internet, de camisas lembrando a amarelinha até roupas de bebê e canecas.
Montagem com artigos "We are not Brazil, we are Northern Ireland" (Foto: Reprodução)Montagem com artigos "We are not Brazil, we are Northern Ireland" (Foto: Reprodução)


MEDO DE 7 A 1 OU PIOR CONTRA A ALEMANHA?
Torcedores norte-irlandeses em café de Paris (Foto: Felipe Barbalho/GloboEsporte.com)Torcedores norte-irlandeses sorridentes em café de Paris: "Vocês são pentacampeões" (Foto: Felipe Barbalho/GloboEsporte.com)
O humor dos britânicos e a admiração sincera pela seleção brasileira se mantiveram mesmo depois da derrota na estreia na Euro. Recarregando a descontração futebolística, norte-irlandeses podiam ser vistos nos cafés e ruas de Paris no início da noite do último domingo com copos de cerveja na mão e sorrisos nos rostos.
- Temos essa canção há muito tempo para dizer a verdade: não somos tão bons quanto vocês - disse Simon, antes de lembrar de Philippe Coutinho, do Liverpool, como representante do bom futebol brasileiro atual.
Ao lado, seu primo Charlie ratificou o conceito da superioridade verde-amarela.
- Vocês são pentacampeões, nós só jogamos futebol.
Questionados se temiam um massacre num confronto justamente contra a Alemanha, cabeça de chave do grupo da Irlanda na Euro e responsável pelo maior dos vexames do admirado futebol brasileiro, deram de ombros para o jogo do dia 21 de junho, pela última rodada da primeira fase.
- Acho que não. Mas tanto faz - disse o cinquentão Gary.
Mesmo entre doses inebriantes, os torcedores mantinham a lembrança de como eram as vitórias do futebol brasileiro. Saíram, encontraram outro grupo conhecido, começaram a conversar sobre a derrota para a Polônia, quando um soltou.
- Ah! E daí?

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