Depois de vender até rifa, Concórdia
tenta parar o rico Orlândia, de Falcão
Dono de uma das menores folhas salariais da Liga Futsal, clube do oeste catarinense encara os atuais campeões no primeiro jogo das finais
A folha salarial mal dá para pagar um jogador de ponta do futsal. As receitas do clube contam com o reforço de rifas de automóveis, realizadas entre os moradores da cidade. Assim sobrevive o Concórdia, adversário do poderoso Orlândia, do craque Falcão, na final da Liga Futsal 2013. Nesta segunda-feira, os times iniciam a decisão a partir das 19h, no Centro de Eventos de Concórdia (SC) - o SporTV transmite ao vivo, e o SporTV.com acompanha em Tempo Real. A julgar pelo desempenho do time do oeste Catarinense na competição, o atual campeão da Liga encontrará muita dificuldade nos dois jogos da final, mesmo com a gritante diferença de investimento entre as duas equipes.
- Temos uma folha salarial de R$ 56 mil, o que não daria nem para pagar o salário de um jogador de ponta. Nosso orçamento é um dos mais modestos dessa Liga Futsal. Trabalhamos com dificuldade aqui e precisamos de mais investidores. Em algumas épocas do ano, chegamos a promover rifas de carros doados por um dos patrocinadores. Esse dinheiro nos ajuda a manter as contas em dia - revelou o presidente do Concórdia, Gabriel Junior "Testa", ex-jogador do clube.
O Concórdia foi fundado em 2006. Um dos criadores do clube foi o empresário Nauro Jasper, sogro de Testa e um dos investidores do time. Para a disputa da Liga, a equipe conta com sete patrocinadores, sendo que um deles apenas cede a sua franquia da competição. Apesar do alto número de empresas apoiadoras, o clube arrecada bem menos que os rivais. Segundo estimativas, somente salário do craque Falcão no Orlândia gira em torno de R$ 250 mil mensais, R$ 200 mil a menos que toda a folha salarial do Joinville, adversário da semifinal e considerada uma das equipes mais ricas do país.
- Nunca Concórdia teve tanta visibilidade no esporte como está tendo agora. Só que, infelizmente, ainda não conseguimos captar novos parceiros para fazer um investimento maior para a próxima temporada - contou Testa.
A fórmula para montar um time competitivo e chegar à final da Liga Futsal foi simples. Sem dinheiro para fazer grandes contratações, o clube procurou jovens talentos da região, como Biel, Dé, Pito, Murilo e Paludo, que se juntaram a atletas com alguma rodagem como o goleiro Gian, o fixo Rafinha e os alas Felipe, Joãozinho e Marquinhos. Esta é a terceira participação do Concórdia na Liga. Nas duas primeiras, a equipe sequer passou da primeira fase.
- Sinceramente, não esperava que chegássemos à final esse ano. Nosso objetivo é sempre evoluir em relação ao ano anterior. Passar à segunda fase já foi uma grande conquista. Isso prova que nós acertamos nas nossas apostas. Agora vamos fazer de tudo para sair com o título, porque esse grupo já provou que tem condições - afirmou o presidente.
Apesar do otimismo para a final, o dirigente teme pelo futuro do Concórdia. Reconhecendo não ter forças para se destacar no mercado de negociações do futsal, o clube já admite perder alguns dos seus principais jogadores para o ano que vem, caso não consiga novos parceiros neste fim de 2013.
- Aqui nós trabalhamos com os pés no chão. Não podemos bater de frente com os clubes de maior poder aquisitivo. Há muitos clubes de olho em jogadores nossos. Vamos fazer de tudo para segurá-los, mas sem cometer loucuras. Um dos nossos orgulhos é nunca termos atrasado salários. Isso acontece graças à nossa responsabilidade na administração - destacou Testa.
Equipes motivadas para a final
Tanto Concórdia quanto Orlândia vêm demonstrando grande otimismo para a grande final. Com a vantagem de decidir em casa (a segunda partida será no dia 17, em São Sebastião do Paraíso-MG), o time paulista prega respeito ao último adversário na luta pelo bi. Na semifinal, o time do craque Falcão eliminou o Corinthians com duas vitórias.
- Não acho que o Orlândia tenha que partir para cima. O Concórdia tem um time muito rápido, que joga muito bem com a posse de bola. Quanto mais espaço eles tiverem, mais eles vão criar dificuldades. Não ganhamos deles na Liga este ano. Eles empataram com a gente em Orlândia e até mereceram ganhar. Concórdia merece todos os elogios porque eliminou, na semifinal, o único time invicto em casa. E não foi qualquer vitória por dois gols. Foi de sete - avaliou o fixo do Orlândia, Ciço.
Concórdia e Orlândia se enfrentarão pela segunda vez em uma decisão na temporada. Em março, na Superliga, melhor para o time paulista, que ficou com o título com um empate em 3 a 3 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação, beneficiando-se da vantagem obtida ter a melhor campanha no torneio. O título foi conquistado em pleno Centro de Eventos de Concórdia, que sediou a competição.
Para o capitão do Concórdia, Felipe, é hora de esquecer o vice-campeonato da Superliga e partir para cima do adversário, com o devido respeito ao atual campeão da Liga.
- Temos um grupo que marca muito e que vem em uma ascensão na Liga. Será difícil, mas nós temos condições de fazer dois bons jogos e lutar pelo título
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